Giacomo Arquitetura

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  • EDIFÍCIOS DA SAÚDE E O NOVO NORMAL

    DIRETRIZES PROJETUAIS PARA UMA ARQUITETURA PÓS PANDÊMICA

    “Ao longo de todos os tempos, e por diversas razões, a arquitetura transformou-se de modo a tornar físico tudo aquilo que se conhece como história. Nos últimos 2000 anos, percebe-se o quanto a arquitetura se adapta, seja pela forma construtiva, abandonando os grandes blocos de pedra e adotando a forma e materiais mais leves, seja pelas necessidades climáticas onde estas mudanças requerem um novo modelo de desenvolvimento arquitetônico, ou simplesmente por necessidade, visto que as prioridades vão alterando no decorrer da história.” – arquiteto Ricardo Cavichioni.


    O período entre 2020, 2021.............. é uma referência histórica? Um divisor de águas?


    Será difícil estabelecer as tendências, não efêmeras, que consolidarão a íntima relação entre arquitetura e o espaço físico de saúde. Principalmente o hospitalar, não somente pelas diversidades de serviços ofertados, mas também pela oferta tecnológica e transformações comportamentais da sociedade. Se faz necessário ressaltar, que o país necessita de uma ruptura cultural profunda, que possibilite a implantação de políticas públicas de gestão que ofereçam a infraestrutura de apoio à saúde. Tais como: educação, segurança, habitação, transporte coletivo, serviços urbanos, lazer, preservação da natureza, saneamento básico, mobilidade urbana, entre outros.


    Neste momento, falar sobre a atual pandemia pelo Corona vírus em nosso país, já com uma “Segunda Onda” de contágio em curso, a qual encontra-se em um dos momentos mais críticos do ponto de vista sanitário, técnico, imunológico, econômico, social e político, é algo desafiador e quase surreal. Para contextualizar este momento, 21 de janeiro de 2021, nosso país registra mais de 212.000 mortes e mais de 8.600.000 de casos de contaminação, confirmados pelo Ministério da Saúde brasileiro e OMS – Organização Mundial da Saúde. Isto significa que em 321 dias deste período, têm-se 7.704 horas, com aproximadamente 27,52 mortes/hora. Números estes que se alteram minuto a minuto.


    Fato relativamente novo neste enredo, é a liberação por alguns países pesquisadores e produtores de vacinas produzidas em tempo recorde para combater ao vírus, objetivando a imunização da população. Este marco histórico está registrado para primeira pessoa que recebeu a dose em 08 de dezembro de 2020, no Reino Unido. Este imunizador trouxe esperança para a população mundial e hoje, mais de 60 países estão na fase inicial de aplicação em caráter emergencial. No Brasil, em evidente caráter político, este processo de imunização iniciou-se no dia 17 de janeiro de 2021, próximo passado, na cidade de São Paulo – SP. A disputa política em nosso país somente demonstrou a ineficaz conduta e sensibilidade das autoridades governantes.

     Se considerar o início da pandemia em nosso território em fevereiro/2020, muitas discussões remotas, online, ocorreram. Pela incerteza, desconhecimento mais profundo e insegurança, principalmente nos primeiros meses de 2020, abriram-se várias vertentes de análise e aplicação de medidas para frear a propagação do contágio. Distanciamento social, higiene das mãos, uso de álcool em gel para higiene de mãos e superfícies, foram as medidas emergenciais adotadas de primeiras horas.


    Estes eventos ao longo do ano de 2020 foram importantes para o amadurecimento dos conceitos, atitudes e procedimentos em curso. A ONA (Organização Nacional de Acreditação), APAH (Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e FBAH (Federação Brasileira de Administradores Hospitalares), foi um dos grupos de instituições que muito promoveu o debate sobre as medidas adotadas neste período. Mudanças operacionais, neste momento, são inevitáveis. Segundo estes profissionais debatedores, nos setores corporativos dos hospitais, o modelo “Home Office” veio para ficar. Já havia até mesmo, anterior ao início da pandemia, algumas simulações neste sentido, porém, com o agravamento da crise, provocou a ruptura do modelo tradicional e acelerou a implantação desta nova proposta de trabalho.


    Sob a ótica da Arquitetura para este caso, e apenas como um exemplo, há de se observar dois aspectos, sendo: Primeiramente, para garantir a segurança dos colaboradores, há necessidade de uma redução significativa da taxa ocupacional do espaço, tendo em vista os afastamentos entre as estações de trabalho, em pelo menos 1,50 m. a 2,00 m. de distância. Com isto, enquanto no modelo tradicional ocupava aproximadamente 6,00/m2 por estação de trabalho, a mesma passa a ocupar 12,00/m2. Ou seja, há uma redução de aproximadamente 50% em números de postos de trabalho. Outro ponto importante, é sobre a análise de que o edifício hospitalar está permanentemente em mutação, o que significa privilegiar áreas mais essenciais e obrigatórias à assistência dos seus pacientes, colocando serviços administrativos, mais voláteis, em xeque. Além disto, o custo do metro quadrado hospitalar é extremamente alto para que se disponha de áreas administrativas internas ao mesmo, as quais podem estar localizadas em edifícios mais remotos, que com o auxílio da tecnologia da informação, atribui-se bom desempenho e menor dispêndio financeiro.


    Com este novo conceito, não se exclui a criação de espaços para reuniões periódicas presenciais com os colaboradores externos, mas sempre tendo o cuidado sobre sua segurança. Espaços como a cafeteria e refeitórios, utilizados sem o uso de máscara, serão reavaliados e redimensionados. As copas de distribuição nas diversas unidades hospitalares estarão sob um novo olhar, tendo em vista a aglomeração de colaboradores nos seus intervalos de trabalho. Ainda sob esta ótica, já em curso em muitos hospitais, avalia-se outros serviços que poderiam também ter sua análise e desempenho colocados remotamente, tais como: Almoxarifado, Farmácia, Manutenção Predial, Lavanderia, Central de Esterilização de Material, Ambulatório, entre outros. Sem dúvida que, unidades satélites internas ao complexo hospitalar serão necessárias e abastecidas periodicamente para atender à demanda de consumo.


    Embora o debate tenha sido com foco mais operacional, vê-se claramente o impacto destas novas medidas na estrutura física do hospital. Hoje, evidentemente, tem-se dois hospitais em um. Isto é: um para atender aos pacientes infectados com o Covid-19, e outro para atender às demais especialidades médicas. Isto significou duplicidade de equipamentos e recursos humanos, criação de novos protocolos de rotinas, e ainda um realinhamento de fluxos de pacientes, grupos operacionais, profissionais internos e visitantes. As Unidades de Terapia Intensiva abrigaram, por conta da demanda excessiva, quase que exclusivamente pacientes portadores do Covid-19.


    Como medida paliativa, durante o período ainda vigente da pandemia, um dos recursos bastante utilizado é o da Telemedicina. Serviço este disponível 24hs e destinado a orientar os pacientes a navegar pelo sistema de saúde. Para o atendimento aos pacientes com sintomas leves de alguma possível enfermidade, pode-se por meio desta plataforma “online”, receber orientações de profissionais de saúde qualificados para instrui-los de forma segura, resolutiva e evitar desperdícios de recursos e tempo.


    Acredita-se que esta tecnologia traz e trará mudanças significativas na estrutura física de diversas unidades hospitalares, mas em particular na unidade Ambulatorial. Não somente no aspecto da assistência e acompanhamento do paciente pós consulta e/ou pequenos procedimentos, mas também na redução significativa, em número de consultórios. Porém, os consultórios ofertados serão mais flexíveis e de uso rotativo após sua higienização. A telemedicina proporcionará o acompanhamento mais eficaz do paciente, principalmente aos pacientes crônicos, através do controle da medicação, orientações sobre higiene e procedimentos. Em uma primeira leitura, os espaços de espera nos hospitais poderão sofrer uma redução do número de pacientes, mas não no tamanho, como garantia do distanciamento entre pessoas.


    Neste cenário, o pensamento e as atitudes dos profissionais de arquitetura deverão estabelecer novas diretrizes projetuais e entrar no âmago das necessidades humanas. Segundo o professor e arquiteto Rogério Gaspar (Colmeia Sustentabilidade), “O arquiteto é responsável pela concepção e geração do espaço construído, tendo como objetivo a oferta do bem estar, individualidade e identidade de quem o ocupará. É primordial que o entendimento do referido profissional seja em atenção às necessidades fundamentais e afetivas dos seres humanos, respeitando e valorizando-as.”


    Há algum tempo, a arquitetura tem buscado a proximidade com a psicologia e a medicina para compreender melhor o quanto o espaço físico impacta no ser humano. Não somente volumetricamente, mas também, através do uso das cores, luz natural e artificial, grandes aberturas, insolação, ventilação natural, interação entre espaços externos e internos, áreas verdes, entre outros recursos. Esta preocupação tem se pautado no surgimento do conceito chamado “Neuroarquitetura”, que espelha estas inquietações. Estes cuidados estão mais presentes na arquitetura hospitalar, onde se discute a interferência do espaço físico na recuperação do paciente, bem como na diminuição do estresse nos demais usuários. Porém, neste momento de reflexão, será importante a reavaliação da prática arquitetural nos demais segmentos tipológicos. Segundo a arquiteta Mirian Runge, a “Neuroarquitetura” vem centrada no ser humano. Os arquitetos sentir-se-ão confortáveis para atender a nova demanda de mercado, que agora tem uma percepção de suas reais necessidades de apropriação do espaço e de relacionamento com o mundo geradas por gatilhos emocionais.”


    Outro conceito em arquitetura, que já há alguns anos vem se consolidando é o “Conceito Biofílico”, que neste momento de reflexão possa contribuir para boa qualidade do espaço construído. De acordo com a arquiteta Cynthia Matos, o Design Biofílico aplicado na arquitetura “é uma ferramenta que possibilita reconectar as pessoas com o ambiente natural, desenvolvendo espaços mais saudáveis e produtivos para sociedade contemporânea.”  Acrescenta ainda os bons índices de satisfação do usuário, a melhora do estado de saúde físico e mental, a redução do estresse, maior senso de equipe e aumento do poder de concentração e do nível de criatividade. Estes índices são inerentes e podem transformar o modelo do edifício hospitalar, os quais em sua grande maioria neste momento estão enfermas, talvez com uma distimia crônica. Com esta pandemia intensa e sem data para término, o hospital poderá entrar em depressão profunda. Caberá aos profissionais de saúde, arquitetos, administradores hospitalares, entre outros profissionais, reverterem este cenário prestes a ser instalado.


    Do ponto de vista prático do exercício da arquitetura, ressalta-se o uso excessivo de sistemas de refrigeração e exaustão do ar no ambiente hospitalar. O seu uso justifica-se pelo bem estar e conforto térmico no ambiente em que estão o paciente e os profissionais de saúde. Porém, principalmente pelo descuido de manutenção e higiene dos filtros deste sistema, o que ainda ocorre em alguns hospitais, o mesmo poderá trazer graves consequências ao sistema respiratório dos usuários, principalmente em períodos de pandemia descontrolados.


    Como contraponto a esta solução, será importante se apropriar dos recursos de ventilação natural sempre que possível, mas principalmente em unidades onde o grau exigido de temperatura, assepsia e umidade relativa não sejam tão altos. O conhecimento e uso sobre os ventos predominantes sobre a localização do edifício, no contexto urbano, serão fundamentais para contribuir, direcionar e apropriar-se de forma sustentável para o projeto de arquitetura.


    “O conceito de Arquitetura Sustentável, o qual se caracteriza como sendo uma forma de conceber projetos de arquitetura de forma sustentável, isto é: com a otimização dos recursos naturais para minimizar o impacto ambiental dos edifícios sobre o meio ambiente e seus habitantes.”, João Manuel L. Feijó (Eng. Agrônomo). Muitos recursos naturais podem ser reutilizados com a apropriação da tecnologia, proporcionando economia, eliminando desperdícios de tempo, materiais e mão de obra. Há soluções aplicadas hoje e que muito podem agregar valor para um mundo melhor, mais equilibrado e saudável:

     

    a)    Energia solar;

    b)    Energia eólica;

    c)    Placas fotovoltaicas;

    d)    Reuso de água (de chuva, tratada e água cinza);

    e)    Materiais reciclados;

    f)      Construções pré-moldadas;

    g)    Uso sustentável do terreno;

    h)    Tintas, telhas, argila e fibras ecológicas;

    i)      Telhado jardim;

    j)      Vidros com proteção solar;

    k)    Iluminação de LED;

    l)      Entre outros.


    Neste processo de reflexão mundial, novas diretrizes sobre o pensamento humano ocorrerão. Sendo assim, muito há de se discutir sobre as consequências operacionais, físicas, humanas e a troca de informações, após este período que ainda não tem data para terminar. Sob as medidas emergenciais de controle, muitas poderão se perpetuar, ou outras surjam através de soluções híbridas para melhor adaptar-se ao novo contexto. A opacidade ainda está presente, mas a certeza de que muitas atitudes, procedimentos e a própria arquitetura, irão sofrer mutações.


    Arquiteto Nelson Schietti de Giacomo

    Mestre em Arquitetura Hospital pela Tulane University – New Orleans, USA

    Doutor em Arquitetura Hospitalar pela FAU USP Universidade de São Paulo, SP

     

    Londrina, 21 de janeiro de 2021.



  • CONCURSO UBS-DF UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE PARQUE DO RIACHO

    MEMORIAL EXPLICATIVO E JUSTIFICATIVO DO PROJETO

    Os edifícios de saúde têm se tornado um desafio para os arquitetos, no sentido de aglutinar todas as variáveis interferentes na sua complexa estrutura, onde a integração entre o edifício e o meio urbano, o inter-relacionamento entre suas unidades internas, os constantes avanços tecnológicos, as conquistas da medicina e novos métodos de trabalho, direcionam para uma arquitetura extremamente racional. Porém, a sensibilidade do arquiteto é o meio conciliador de todas estas variáveis para suprir as necessidades dos usuários (pacientes, familiares e grupo operacional) em se relacionar com os espaços ofertados.

    A complexidade do programa físico-funcional, os diversos fluxos de circulação interna e externa, conforto térmico, acústico e visual, legislação vigente, flexibilidade e expansibilidade espacial, instalações especiais, alta tecnologia, sustentabilidade, segurança, infecção hospitalar, ergonomia, acessibilidade, etc., impõem aos profissionais uma visão sistêmica sobre o conjunto de condicionantes, assim como total conhecimento da área em foco, por meio da sua experiência, competência e sensibilidade.

    A imagem do edifício, como se sofresse de distimia crônica, é seguramente um lugar angustiante, onde obriga as pessoas a um confronto de emoções e incertezas nos momentos mais críticos da existência humana: sofrimento, dor, angústia, doença, ansiedade, vulnerabilidade e risco de vida. O usuário não tem uma relação afetiva com o espaço de saúde.
    Sendo assim, a humanização dos espaços deve ser permanente, pois há a necessidade de melhorar as condições de assistência, tratamento e socialização das relações humanas. O edifício deve ser convidativo, a favor de uma relação informal entre o maior número de pessoas com os espaços públicos e privados, tendo a qualidade espacial e o conforto ambiental como fim e a tecnologia como meio de obtê-los, e que o edifício se espelhe na cidade e ela o identifique como parte do seu ser. São com estas premissas que o projeto arquitetônico se apresenta.

    PARTIDO ARQUITETÔNICO

    A proposta do projeto arquitetônico da UBS – Unidade Básica de Saúde Parque do Riacho se apoia em duas vertentes muito fortes. A primeira, no desenho do terreno e no estabelecimento do acesso principal pela face norte do mesmo, interligado à praça e estacionamento já configurados como premissas do projeto. Com a execução da Via “A”, permitirá todo o fluxo de serviço e estacionamento de forma independente. A segunda vertente, e mais importante, a disciplina e separação de fluxos: um de atendimento aos adultos e outro de atendimento às crianças e mulheres (ginecologia e obstetrícia).

    Esta ocupação praticamente implanta o edifício no eixo norte / sul, proporcionando maior exposição para as faces leste e oeste, que consequentemente proverá solução para proteção solar. Agregadas a esta solução, outras propostas para sustentabilidade energética do edifício promovem performances de alta qualidade e desempenho.

    O afastamento do edifício na sua face norte, proporciona a oferta de áreas para estacionamento de veículos, criação de área verde intermediária, acesso mais fácil ao subsolo e espaço abrigado para entrada e saída de pacientes e familiares.

    A área verde projetada com jardins, pergolados de madeira, criando recantos de descanso e espera externa será o referencial de integração com a praça “A”, como proposta de envolvimento com o entorno imediato.

    O estacionamento externo abrigará vagas para veículos, vagas específicas para P.N.E., idosos e gestantes, como também vagas para motos e bicicletas.
    Outra condicionante interventora na concepção do projeto foi o estabelecimento da hierarquia e a disciplina de fluxos internos e externos à Unidade, os quais definem os eixos principais e secundários de circulação, e que através dos mesmos, nortearão o crescimento físico de forma adequada para atender às novas demandas futuras. Esta proposta garantirá a flexibilidade e a expansibilidade do edifício.
    A solução se apresenta em dois pavimentos, sendo que o nível térreo (cota 1243), por garantia de total acessibilidade aos usuários, compreende no seu macrozoneamento o atendimento dos pacientes adultos à direita da entrada principal, e à esquerda, a assistência nos serviços de pediatria, hebiatria e obstetrícia. Ainda neste pavimento, conta-se com o atendimento comum a todos pacientes como, sala de curativos, procedimentos e suturas, observação e repouso, coleta de amostras para análises clínicas, entre outros. O conjunto de espaços para o serviço de odontologia pode e deve possuir a autonomia de seu público diferenciado na assistência, e ainda com a possibilidade de acesso externo independente. Agrega-se ainda, o conjunto de espaços destinados à infraestrutura de serviços gerais e apoio operacional. 

    O pavimento inferior (cota 1239) destina-se a abrigar o estacionamento de veículos e instalações de elétrica e hidráulica. 

    O pavimento térreo possui área de aproximadamente 2.340,00 m2 e o inferior 1.950,00 m2, perfazendo o total de 4.290,00 m2. 
    Na concepção do edifício, considerou-se a obtenção de uma identidade visual clara e diferenciada com o entorno natural e edificado. A permeabilidade visual, desde o espaço urbano até a área de embarque e desembarque de pacientes (entrada principal), como também o recuo frontal da edificação, permitirá maiores condições de absorção do edifício, contribuindo substancialmente para a visualização do conjunto arquitetônico. 

    A posição estratégica do auditório teve como objetivo se apropriar da grande espera dos adultos, utilizando-a como “foyer” para eventos noturnos. Além disso, proporciona fácil fluxo de acesso e saídas de emergência.

    A criação de bolsões de espera junto aos corredores periféricos permite criar espaços próximos aos ambientes de atendimento, o que acelera o processo da assistência, como também diminui o grau de ansiedade do paciente. Estes espaços estão interligados aos jardins internos, os quais se interagem com o espaço exterior garantindo conforto visual e agradabilidade. 

    Os jardins internos proporcionam a entrada de luz e ventilação naturais aos corredores internos e aos ambientes adjacentes. Além disso, oferta ainda o efeito “venturi” de ventilação em toda a extensão do edifício. Neste conceito, com o rebaixamento da laje dos ambientes centrais, permitirá que o sistema proposto seja bastante eficaz.

    PROGRAMA FÍSICO-FUNCIONAL

    A proposta arquitetônica contempla não somente o programa mínimo apresentado, mas também todos os espaços necessários para atender as atividades relacionadas à UBS. Sendo assim, foram incorporadas as seguintes áreas:

    - “Espaço kids” junto à espera infantil e ginecológica – espaço ricamente trabalhado com o repertório da criança;
    - Área para coleta de sangue, urina, fezes e sala para coleta ginecológica e pediátrica (posto de coleta laboratorial);
    - Ambientes para terapia de grupo;
    - Área maior para curativos (três boxes);
    - Área maior para procedimentos e suturas (quatro boxes);
    - Área para observação e repouso (três boxes) e um isolamento (ponto para diálise e estrutura de enfermagem (8 horas));
    - Área para fisioterapia (eletro, mecano e cinesioterapia);
    - Área para higienização da mama, ordenha e estocagem do leite materno (área exclusiva);
    - Esperas intermediárias e personalizadas;
    - Deck para exercício laboral dos colaboradores (descompressão);
    - Área para tecnologia da informação (armazenagem de dados);
    - Área para monitoramento e segurança.


    HUMANIZAÇÃO

    A arquitetura proposta busca contribuir de forma decisiva na criação dos espaços, minimizando a relação estressante do paciente com o meio de saúde.
    Os espaços relacionados especialmente com os públicos infantil, hebiátrico e obstétrico procuram buscar no repertório cotidiano destes usuários, o acolhimento e aconchego

    Os recursos como o uso das cores, iluminação natural (espaços mais positivos), obras de arte, painéis fotográficos, grafitagem, imagem no forro dos gabinetes odontológicos, jardins internos e externos, conforto visual, esperas intermediárias junto aos jardins, etc., reforçam em muito a ideia da arquitetura contribuir no processo de humanização, preconizado mundialmente para os edifícios de saúde.


    SISTEMA CONSTRUTIVO

    O objetivo principal é que seja uma obra simples, limpa, modulada e de rápida execução.
    O partido estrutural compreende pórticos metálicos, perfil “I”, espaçados de 8 em 8 metros, com apenas dois apoios centrais, colocados estrategicamente para não interferir nas inúmeras possibilidades de arranjos funcionais. O uso da estrutura metálica se fundamenta no princípio da reciclabilidade (Certificação Green Building).
    Todo o fechamento dos ambientes em divisórias drywall, com painéis verdes para áreas molhadas.
    A cobertura será com telhas termo acústicas isotelha PIR/FM, com comprimento único para não haver sobreposição das mesmas. Tem-se ainda a possibilidade da colocação de painéis fotovoltaicos para coleta de energia solar e transformação em energia elétrica.
    O sistema de coleta de água pluvial ocorrerá através das calhas de cobertura e laje central. A água seguirá ao reservatório no subsolo, passando por filtragem e bombeamento. Esta água será utilizada no resfriamento da cobertura através de aspersores, nos jardins, lavagem de calçadas e veículos, bacias sanitárias, entre outros.
    A laje rebaixada no eixo central tem o papel de abrigar todas as instalações das condensadoras de ar condicionado dos ambientes, através do sistema Split ou VRF. Os fechamentos laterais são com placas de isolamento completo de ruídos.
    A laje de piso do pavimento térreo e cobertura do subsolo será em concreto armado, por ser mais econômica.


    O subsolo abrigará área para carga e descarga, vagas para veículos e ambulância. Em caso de alguma intercorrência médica, a transferência de pacientes para outra unidade de saúde utilizando a ambulância, será sempre pelo subsolo para não transitar por outras áreas de pacientes ambulantes.
    Este mesmo pavimento abrigará o sistema de geração e transformação de energia elétrica, cisternas de água potável e não potável, casa de bombas e filtragem. Considera-se importante a instalação do gerador de energia, tendo em vista que o sistema de abastecimento de água fria e pluvial será pressurizado. O subsolo terá ventilação natural permanente.
    As instalações hidráulicas, elétricas, de lógica, gases medicinais, etc., percorrerão de forma aparente pela laje de cobertura do subsolo e acessarão os ambientes de baixo para cima através das divisórias, ou ainda pelos quatro shafts disponíveis ao longo do edifício e os quais foram posicionados estrategicamente. 
    O sistema de proteção contra descarga atmosférica será em todo o perímetro superior da cobertura e será descarregado na estrutura de aço (pórticos).
    O sistema de prevenção contra incêndios será através de instalação de hidrantes e extintores. O edifício contempla diversas saídas de emergência e escape.
    A criação de dois grandes painéis nas faces leste e oeste do edifício protegerão da incidência direta dos raios solares no mesmo. A proposta contempla não somente o brise soleil (placas verticais), mas também vegetação tipo trepadeira para minimizar a aridez da estrutura metálica e assim melhorar o conforto visual.

    No sentido longitudinal do edifício, propõe-se lâminas d’agua no lado externo, para aumentar o nível de umidade relativa do ar e contribuir para melhorar o sistema “venturi” de ventilação proposto. Esta água será bombeada e clorificada.
    Os fechamentos laterais (faces norte e sul) serão com painéis com núcleo de isolamento PIR/FM, fixados na estrutura metálica.
    A marquise metálica na entrada do edifício protegerá a chegada e saída de pacientes em dias de chuva. A mesma será apoiada no pórtico principal e revestida em alumínio composto (ACM).



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